A história do Benfica tem sido construída por jogadores que se destacaram pelos muitos golos que marcaram. Apesar da íntima relação com as redes, isso não basta para evitar a contestação dos adeptos. Na estreia na Champions, Oscar Cardozo provou o sabor amargo dos assobios, algo que antigos goleadores do clube da Luz também sentiram.
Figuras como Nené, Rui Águas, Isaías ou mesmo Nuno Gomes, este ainda no ativo, não escaparam às críticas ou manifestações de desagrado. Frente ao Hapoel Telavive, o Tacuara não aguentou e, após marcar o segundo e último golo das águias, mandou calar, por gestos, a plateia, recebendo em troca enorme vaia.
“Aceito este tipo de reação a quente, mas sabendo que não deve acontecer”, assinala Rui Águas, de 50 anos. Filho de José Águas, uma outra referência das águias, que também se destacou na arte da finalização, foi o último benfiquista a sagrar-se melhor marcador do campeonato, em 1990/91, antes da longa travessia no deserto, que chegou ao fim na última temporada, graças a Cardozo, que superou Falcão e Liedson.
Não sendo um homem de área, Isaías, de 47 anos, também cimentou a sua posição no Benfica com golos, fazendo uso do seu forte pontapé. O antigo avançado, de 47 anos, não perdia a oportunidade de disparar à baliza, o que, por vezes, levava os adeptos ao desespero.
Sem reação
Isaías compreende, por isso, a reação do paraguaio, de 27 anos. “Não diria revolta. Sentia uma tristeza, uma insatisfação. Às vezes, a equipa estava a perder, tentava tudo para dar a volta e não era correspondido”, diz aquele que foi o melhor marcador sul-americano do Benfica, até ser ultrapassado por Cardozo, na temporada passada.
O antigo internacional português lembra como reagia aos apupos. Ou melhor, como não reagia. “Preferia não festejar. Não mostrava qualquer tipo de reação, nem positiva, nem negativa”, refere Rui Águas.
Como Isaías, o camisola 7 das águias também não desperdiça qualquer oportunidade para rematar, ainda que nem sempre acerte no alvo. O brasileiro deixa-lhe um conselho: “Desistir, nunca! O sinónimo de perfeição é a insistência.”
Na noite de terça-feira, assim que o árbitro russo Aleksei Nikolaev apitou pela última vez, Cardozo, ainda no relvado, apressou-se a pedir desculpas, algo que reforçou mais tarde. “Não volta a acontecer”, prometeu. No domingo, espera conseguir a redenção, marcando no dérbi.
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